segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Anestesia? Não, obrigado.

Sentir, encantar-se, maravilhar-se, saborear a vida em cada detalhe é próprio das infâncias. Nada mais belo que a gota de chuva na vidraça, ou a lesma que passeia pela calçada. Sentir a grama embaixo dos pés, correr do vento ou no vento - são tantos sons, cores, sabores, cheiros, arrepios e fofuras que a vida nos oferece, e a cada oferta, temos a capacidade de significar, de dar sentido.
Para João Francisco Duarte Junior, existem duas formas de conhecimento do mundo: a sensível, dada pelo corpo, e a inteligível, representada pelos signos em nossa mente. Nossas crianças têm o desejo, a necessidade, e lhes é garantido por lei o direito ao saber sensível: este é assegurado pelo PARECER CNE/CEB Nº: 20/2009, que, dentre outros, trata dos Princípios Estéticos. Será que sabemos o que são?

A palavra "estética" tem sua origem do grego e significa em português estesia, que é o contrário de anestesia. É nossa capacidade de dar sentido. Precisamos pensar nas ações do cotidiano de nossos CMEIs de forma a garantir essa educação estética, que assim como o saber inteligível, nos diz  João Francisco, pode ser educada, e ambos se articulam.


Essa reflexão fez parte dos nossos Encontros de Formação de outubro, nos dias 18 e 20. Gestores e pedagogas foram convidados a olharem para uma prática registrada em vídeo do CEI Jesus Criança (ao qual agradecemos por compartilharem), em que as crianças brincam com materiais pouco estruturados. Cada profissional foi convidado a olhar para uma das crianças do vídeo, para que, nesse exercício de olhar para a individualidade dentro de um coletivo, pudessem perceber as aprendizagens das crianças e as condições para a experiência, à luz dos textos da Silvana Augusto e Léa Tiriba.



As socializações dos relatos nos mostraram a validade da estratégia, pois o grupo percebeu inúmeros saberes e interações das crianças, e o espaço e a organização dos materiais como potencializadores destas ações.





No encontro de pedagogas, a proposta foi ver o vídeo da Léa Tiriba em sua participação no I Seminário Criança e Natureza.



Ricas reflexões foram propiciadas a partir de algumas expressões do vídeo, em diálogo constante com as condições para a experiência. Ficou evidente ao grupo que há muito ainda a ser discutido com as equipes e a se avançar formativamente, no que diz respeito aos três objetivos pedagógicos propostos pela Léa Tiriba: 
1. Religar as crianças com a natureza, desemparedar; 
2. Reinventar os caminhos de conhecer; 
3. Dizer não ao consumismo e ao desperdício.
Uma certeza todos têm: os momentos com a proposta de Integração são riquíssimos de oportunidades para as crianças.

 Nossa equipe da Educação Infantil está sentindo o prazer o e os desafios de caminhar junto com os profissionais em formação, a qual tem avançado no Núcleo do Pinheirinho, e você, o que está sentindo agora?